:: Quarta-feira, Dezembro 29, 2004 ::

A Terceira Pessoa

No passado ver(b)sos de cegos
buscaram a inspiração em Eliane
No futuro a luz chegou
e lavou a poesia

Eliane é índia, de tribo nômade
nau em lágrimas
Escuridão encarnada
em pele, alma e maldição

Eliane não será teu centésimo poema
casto, puro, sem marcas
As rugas que encostam a pele (recife pluri-singular)
são caminhos só dela:
Terceira pessoa errante
cinza e raivosa
Goza a dor que tem no peito
ao embalar o amor ainda sereno.
:: habitante de mim 2:00 PM
...
Simples... mas fazer o que, se isso me cativa



Pass It On
(The Coral)

Every day I recognise
What's deceased and what's alive
But don't repeat what I just said
Until boulders turn to lead
Then all the tales will be told
Whilst you and I are in the cold
But don't think this is the end
Cos it's just begun my friend

And when it's done
And all this is gone
Just find a/the(?) feeling pass it on

For every tear cried in shame
There'll be someone else to blame
And every crime that I commit
There'll be a punishement to fit
But I'd accept what's coming round
If I could only lose this sound
That's been ringing in my ears
And tormenting me for years

When it's done
And all this is gone
Just find a/the(?) feeling pass it on

And when it's done
And all this is gone
Just find a feeling pass it on
Just find the feeling pass it on
Just find a feeling pass it on
Just find the feeling pass it on
:: habitante de mim 1:59 PM
...
Fenda no céu

Continue me fazendo acreditar
Suavemente soturno na velocidade
tão distante
que não pode esperar
(mas tudo está bem)

Perco os fios que tecem a vida
Quem sabe um outro caminho?
(ou até mesmo um novinho)
Em ti não vejo fé
apenas sinto
:: habitante de mim 1:59 PM
...
:: Domingo, Dezembro 26, 2004 ::
Eu tava fazendo uma limpeza dentro de mim, e não sei, mas de repente me surgiu essa música na mente, é como uma despedida de coisas antigas, e ainda talvez necessárias ("bato a porta sem ferir o dia").

Adiós, goodbye
(Vitor Ramil)

Coisas que ficaram por dizer
coisas que não tive tempo de ouvir
goodbye, adiós

deixa o sol dormir no meu porão
bato a porta sem ferir o dia
adiós, goodbye

coisas que não canso de esquecer
coisas que se escondem na lembrança
goodbye, adiós

deixa ao vento que quizer levar
minhas folhas secas de utopia
adiós, goodbye

coisas que procuram seu lugar
coisas que me ocupam cada instante
goodbye, adiós

deixa em gelo fino os meus sinais
que ninguém me elega como guia
adiós, goodbye

coisas que acertaram o que sou
coisas que falharam no que não fui
goodbye, adiós

deixa o sol dormir no meu porão
bato a porta sem ferir o dia
adiós, goodbye
:: habitante de mim 3:49 PM
...
:: Terça-feira, Dezembro 21, 2004 ::
Longe

Caminhei
sobre um lugar onde não há
flores
Lembrei de ti
De quão longe é estar ao teu lado
Quebrar os signos
e beijar teus lábios

Corri contra o que ninguém entende
olhei sem abrir os olhos
e encontrei-te aqui deitado
sem sombras
sem dor
apenas tremendo
longe do meu lado

As luzes se esconderiam onde fui
e onde estou?
Nossa indignação
e o sonho que não é medo
compõe o que não é tempo.

:: habitante de mim 11:47 PM
...
:: Segunda-feira, Dezembro 13, 2004 ::
Crônica noturna

Ela entende bem a sua solidão, respeita-a, e sempre quando a sós, elas aprendem muito. Ela se diverte multiplicando a solidão em vários outros seres, os quais não deixam de ser menos solitários do que seu germe. Ela sabe que tudo se transformou em noite, as pessoas não são mais do que alguma coisa. Não pouca, mas alguma coisa.

Ela nada no seu firmamento, que é tão flácido, frágil à luz e ao movimento. Ela sabe que tudo são momentos, e momentos não se repetem, mas são eternos.

Ela desaparece completamente, estando fora de si, ouvindo alguém sussurrar que aquela não sou eu, isso não está acontecendo, já aconteceu.

Ela ignora o tempo, ela brinca com a sua própria solidão. A noite a faz sorrir.

:: habitante de mim 5:43 PM
...

Milonga

É o gosto água e sal
com cheiro de terra doce
No mesmo tom de acorde grave

Sob as nuvens negras
caminho com guarda-lágrimas-do-céu melancolia

Antes dos flashes, e fitar
a porta escrita com teu nome
as nuvens gordas e negras
chamavam-se minhas pálpebras
gotejou em minhas mãos
depois evaporou

Quando o dilúvio veio
Corri para onde não devia
no topo da montanha cinza
vendo o que há no ventre
Nuvens negras geram gritos

Pele tragável sem sol
meu suor é lágrima tombada
depois da chuva
me sinto introspectivamente
em paz
:: habitante de mim 5:42 PM
:: Terça-feira, Dezembro 07, 2004 ::
Ver meus colegas sendo presos e agredidos por porcos ainda me choca, e muito...


Amnésia

odeio quando todas
memórias
me esquecem
e rasgam seus bilhetes
por debaixo da porta

no corredor sem luz
me surpreendo com a não cor
branca
e suspensa

saberia cantar todos hinos
mas pra variar
alguém não fez sua parte
ingênuos e hipócritas esquecidos
lembram do nada
e esquecem de tudo

eu não perdoô
pois germe sem terra
é verme

:: habitante de mim 9:01 PM
...
:: Segunda-feira, Dezembro 06, 2004 ::
ache

Não se lembre
Flores amarelas
são tão meigas
(sabes que eu as
prefiro roxas
sem ar)
Do jardim de onde
as colhe
não nascem espinhos

Até os mais belos sonhos
um dia se tornam
pesadelos
(pesados de medo)
e a terra que um dia
hospedou nosso sono
há de devorar
(como já devora
em silêncio)

Mas não se assute
como disse
basta não lembrar
Flores mortas de hoje
ontem radiavam amarelo
Sem beleza não existe dor
:: habitante de mim 6:28 PM
...
Aprendizado
(Ferreira Gullar)


Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.

Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão

que a vida só consome
o que a alimenta.




in BARULHOS (1980-1987)

:: habitante de mim 6:28 PM
...
Luzes na ponte, é noite!

Observo aqueles que não me veêm
(no escuro me oculto
e procuro pelo quê está além)
Escrevo mentiras
para aqueles que não vêm
Eu vejo as luzes
só eu e o mundo
Mas não sei quanto do tudo
me mantém
:: habitante de mim 6:27 PM
...
Ao princípio
(Iacir Anderson Freitas)

as palavras perderam-se
pelo chão comum
da mitologias, ah
decerto não souberam chegar
ao princípio
ao âmago
ao núcleo da água e do limo
(quem as visse
ante o ouvido endurecido
do tempo. já perdidas,
rogando clemência ou nacos de pão
ou vinho)

mas nada, nada resta agora
das palavras,
sua geometria quebrou-se,
desolada.

pois que não fique pedra sobre pedra,
pois que nada sobre os ventos frutifique
e entre o extremo recinto da palavra
fique apenas a lembrança de uma nau,
sozinha,
e um dique.
:: habitante de mim 6:27 PM
...
:: Sexta-feira, Dezembro 03, 2004 ::
É pouco, mas transpira muito.

Black Out
(Muse)

don't kid yourself
and don't fool yourself
this love's too good to last
and im too old to dream

don't grow up too fast
and don't embrace the past
this life's too good to last
and i'm too young too care

don't kid yourself
and don't fool yourself,
this life could be the last
and we're too young to see

:: habitante de mim 5:52 PM
...
É engraçado encontrar escritos velhos, o texto que vem a seguir é o esboço do meu primeiro romance (que como vários ficou só no esboço), não tenho a data exata, mas tinha no máximo dezesseis anos. Acredito que só não o levei adiante por ser muito auto-biográfico naquele momento. Mas foi bom achar isso, mexeu com a minha memória.


Vasto e sem fim

- Que lindo são seus olhos, esse verde é tão bonito quanto o do mar! 'Essa expressão, foi não só a expressão que predominou a minha infância, mas como em toda a minha vida, mas acontece que após o elogia vinha o comentário: - Mas o seu olhar é tão triste'

Aquela tristeza era apenas o reflexo de como estava por dentro. Pra falar a verdade acho que já nasci triste.
Lembro-me que na escola enquanto todos brincavam, eu apenas observava, todos me chamavam de Carlito Esquisito.

Esquisito... por causa disso fui parar no psiquiatra várias vezes. Só me diziam que era estresse da adolescência. Mas tem uma coisa que apesar de tudo eu não esqueci. Passado um tempo eu comecei a me enturmar, e um dia lá estava eu pulando corda e de repente percebo uma menina adolescente, de uns 17 a 20 anos sentada num canto. E ela me olhava, mas um olhar tão acolhedor e compreensivo, como se ela soubesse tudo sobre mim. Desde então foi que comecei a me perguntar quem era ela e por que me olhava daquele jeito.

Passado aquilo voltei pra aula e encontro um bilhete em cima da minha classe, dizendo: 'Eu senti toda a dúvida que tem o seu olhar e sei como se sente. Já passei por isso.'

Fiquei muito espantado com aquilo, como? Eu tinha certeza de quem tinha escrito aquele bilhete - foi ela. Mas como ela deixou o bilhete lá seu eu vi ela ir embora. Será que ela era um fantasma?

Então fiquei confuso, e pensando o que será que ela sabe, nunca tinha falado de mim pra ninguém. Era estranho porque não me lembrava do seu rosto, apenas dos olhos, aqueles olhos castanhos e profundos.

Não conseguia me concentrar em nada, volta e meia lia aquele bilhete. Passou semanas e nada mudou, aquele olhar e aquelas palavras não saiam da minha cabeça. Mas o mais estranho é que eu não vi mais ela, além dos meus sonhos, onde eu apenas a reconhecia pelo olhar. Nos meus sonhos, sempre se repetia a mesma cena, ela entrava em uma sala escura e com o teto transparente, onde se enxergava as estrelas, eu estava sentado em várias almofadas vermelhas e com velas ao redor da sala. Ela trazia em suas mãos uma espécie de livrou ou caderno, fechado¿ não sei direito¿ e me dizendo as mesmas palavras do bilhete. A voz do sonho era uma voz melódica e um pouco grave. E era como se os seus olhos estivessem falando.

E assim o sonho se repetiu por vários dias. Até que na saída da escola eu a vejo novamente, encostada em uma árvore, estava linda, apesar de não ter reparado em mais nada além dos olhos. Ela me encarava com um olhar inocente e sedutor, querendo me dizer muitas coisas. Cruzei o portão e quando olhei para trás, ela não estava mais lá. Me arrependi amargamente de não ter ido lá falar com ela. Mas pensando bem, como eu, um pirralho de 9 anos, iria chegar em uma menina quase 10 anos mais velha do que eu, e ainda, uma pessoa que ela nunca conheceu.

Chegando em casa tive um pressentimento e não sei por que, a primeira coisa que fiz foi abrir meu caderno.
Encontrei outro bilhete que dizia: 'Não se preocupe em saber ''quem eu sou'' e ''como eu sou''. Se preocupe em saber ''o que eu sou'''.

Bem, se eu já estava confuso, agora nem se fala. Se antes eu pensava muito nela, agora eu só tinha ela em mente. Eu queria saber quem é ela, como é ela, e o que é ela.

Todas noites eu tinha aquele mesmo sonho, só que agora dizia o que era o que ela trazia nas mãos. Era um diário, o qual era dela, e nele estava escrito o que dizia no segundo bilhete. E por aí parava o sonho.

Com a chegada das provas do final de ano, tratei de estudar. E com o tempo fui tirando ela do meu pensamento.
Chegaram as férias, hora de descanso, pra falar a verdade nem lembro como foram aquelas férias. De vez em quando voltava a ter aqueles sonhos e ficava pensando sobre eles.

O tempo passou tão rápido que quando percebi estava na sétima série, com 13 anos, hormônios a flor da pele, a minha fase difícil dentro da escola havia passado. Segundo a minha visão física estava tudo ótimo. Mas a minha 'outra' visão sentia falta daquele olhar puro e verdadeiro.

Apesar de ter feito várias amizades, ter conhecido muita gente, eu não conseguia ver no olhar das pessoas a mesma pureza do que o olhar dela. Esse assunto parecia meio surreal pra mim, então eu nunca havia contado pra ninguém.

Me apaixonei nesse mesmo ano por uma garota de nome Gabriela, ela foi a minha primeira namorada e de vez em quando ela percebia aquela angustia dentro de mim e perguntava: 'por que esse olhar tão triste' - e eu dizia que não era nada.

A minha mãe, depois que ela se separou do meu pai, não tinha tempo mais pra nada, trabalhava o dia inteiro. Às vezes, ela me dizia que eu andava meio estranho, mas na verdade eu me sentia normal. Não sei por que, mas eu comecei a me sentir bem quando estava triste, me sentia puro e verdadeiro.

Meu círculo de amizades foi aumentando e cada vez mais me sentia no meio da falsidade, me sentia sozinho. No ano seguinte terminou meu namoro, o motivo? Minha namorada dizia que não gostava do meu jeito estranho, e que eu não era igual aos outros, e desconfiava que eu gostava de outra garota. E na verdade eu gostava, de uma garota da qual eu só lembrava do olhar, e que não havia deixado de aparecer em meus sonhos.

Meus amigos começaram a estranhar o meu jeito. Eu comecei a ficar mais em casa, dentro do meu quarto, dormindo pra sonhar com ela, ou então no escuro escutando música. Foi então que minha mão me levou ao psiquiatra. Enquanto ele falava eu ficava sonhando acordado com ela.

Para minha mãe me deixar em paz, resolvi agir da forma que ¿todos¿ queriam, mas nunca mudando o meu 'eu' por dentro.
Acabei virando um cara totalmente artificial na minha visão e perfeito para eles. Andava na moda, usava celular, era um perfeito idiota robótico. Então eu parei de sonhar com ela, e eu havia me tornado o ser mais artificial no mundo. Eu só fazia o que 'eles' queriam e minha mente estava sendo devorada.

Eu me sentia o cara mais triste do mundo e não ficava feliz por isso. Fui em busca da minha paz, e pra isso perdi as coisas mais importantes: a minha personalidade, e a lembrança dela.

Era um feriadão e resolvi ir pro campo, descansar e tentar ser um pouquinho eu mesmo, estava me sentindo tão mal com essa situação. Estava eu sentado no lado de fora olhando pro horizonte, quando de repente vi um vulto. Fui até o arvoredo ver o que era, cheguei no pé de laranja e comecei a olhar paras as nuvens, foi quando senti um arrepio e me deparei com aquele olhar que me hipnotizou e me paralisou.

Eu sabia de quem era aquele olhar, reconheceria no meio de multidões aquele olhar puro e verdadeiro.
Fiquei parado ali por alguns minutos até que consegui gaguejar algumas palavras.
- O que é você?
E como se o vento cantasse em meus ouvidos, telepaticamente ela respondeu:
- Eu sou o que você quiser. Basta você sonhar, acreditar e lutar.

E num piscar de olhos ela sumiu como nas outras vezes. Só que dessa vez aconteceu algo diferente comigo, como se aquilo fosse um passo para eu mudar minha forma de pensar sobre a vida e sobre as coisas.
Aos meus 14 anos, me sentia como se a minha vida tivesse começado, a partir do momento que vi aquela olhar. Sentia minha mente leve e clara, tendo idéias que nunca havia pensado antes.
Comecei a ver o mundo com outros olhos, me prendia em observar detalhes. Em sentir o vento, a luz do sol.
Aquela idéia que eu tinha de ser como os outros queriam, foi exterminada pelo olhar dela, que cada vez mais me fazia querer revê-la, e mudar as coisas em forma de agrado à ela. Re-avaliei cada um dos meus valores, e formei princípios.
Resolvi seguir o que ela havia me dito. Primeiro sonharia, quer dizer, isso nem era preciso ela me dizer, pois o que eu mais fazia era sonhar com ela. Mas questionei-me sobre se realmente era esse tipo de sonho. Percebi que os sonhos que ela falou podiam ser outros. Tais como ideais para meu futuro, o que eu realmente queria que se tornasse realidade. Claro que eu queria que ela se tornasse real, mas havia outras coisas.

Pra falar a verdade, eu nunca tinha pensado a respeito do meu futuro, pois achava que o que importava era apenas curtir a vida, fazendo as coisas sem arrependimento. É que quando se é jovem, se acha que tudo pode ser perdoado e não causar mágoas e ressentimentos. Demorei um bom tempo para perceber que as coisas não funcionam da forma como queremos. Claro que é importante ter sonhos, mas não podemos transforma-los em fantasia.
Pra ser exato, demorei dois anos pra realmente idealizar meus verdadeiros sonhos. Fiz várias hipóteses, e a maioria não fazia sentido. Consegui sonhar de verdade conjugando os trÊs verbos que ela havia me dito. Selecionei meus sonhos com a ajuda do verbo acreditar. Foi então que percebi o que realmente queria.
Aos 16 anos muita coisa aconteceu, desde a primeira vez que eu vi aqueles olhos. Analisava a vida dos meus amigos, e percebia o modo em que eles se prendiam em coisas fúteis. Comecei a acha-los repugnantes e fui me afastando. Muitos me chamavam de esnobe e arrogante.

Basicamente a vida social tinha virado um lixo. Eu não conseguia sentir sinceridade nas pessoas, e cada vez mais o tempo passava, e as pessoas em que eu podia confiar iam diminuindo.
Tinha medo de falar sobre a 'mulher do olhar verdadeiro', achava que iriam me recriminar, me chamar de louco.
Minha mãe continuava me achando estranho e me levava ao psiquiatra. Ela achava que estava entrando em depressão, até porque desde que meus pais se separaram não havia visto meu pai. Pra falar a verdade, não sentia falta dele, sentia mais falta de alguém que tivesse um olhar verdadeiro e acolhedor, igual ao da Clarisse. Ah, como não gostava de pensar apenas 'ela', resolvi chamá-la assim.

Quando ia ao psiquiatra, eu mentia, tinha medo de dizer a verdade a ele, tinha medo que internasse num hospício.
Estava desesperado, andava atormentado, me sentia numa jaula, com os olhos fechados. Sem nenhum sentido para vida, não conseguia acreditar nos meus sonhos, como eu iria lutar por eles. Eu não conseguia pensar em mais nada, meu único sonho era que Clarisse fosse real.

Ficava em casa e apenas dormia, fui ficando doente e fiquei totalmente deprimido. Fui internado numa clínica psiquiátrica.
Aos meus 16 anos, eu estava no pior lugar do mundo, quando cheguei lá, não sabia o que fazer. Eu me via tomando remédios, e me sentia dopado. Passou duas semanas e eu não precisei mais de remédios. Antes meu pai havia ido me visitar, não me lembro o que ele disse, mas senti que estava triste por eu estar lá. Lembro apenas dos outros três meses.

Eu contei tudo o que se passava em minha cabeça a um psicólogo que também estava internado lá. Foi a pessoa que mais me ajudou a me recuperar e sair de lá.
Ele disse que eu precisava expressar o que eu sentia de alguma forma, e o melhor meio era a arte. Comecei a pintar meus sonhos, estava menos tenso com tudo aquilo, e até estava gostando de lá.
Depois que comecei a me sentir melhor, voltei a sonhar com ela e num desses sonhos ela disse:
- Sonhe e acredite no real. Eu sou o real e vou te ajudar. Mas você vai precisar acreditar em você e lutar por todos.
Na semana seguinte dei alta e pensei muito sobre aquilo. Já sabia que não estava sozinho e iria conseguir vencer.




O resto da história, acho que, todos ainda vão saber...

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