:: Sexta-feira, Junho 30, 2006 ::

Pedra Coral

Criei uma voz
para que essa pele não me resgate mais.

Fui ao encontro de velhos estranhos
e erramos a contra-dança.
São outros olhos
para que essa pele não me persiga mais.

(mergulhei raso
e cortei minhas mãos em limbo)

:: habitante de mim 5:36 PM

... :: Domingo, Junho 25, 2006 ::

Condizente

Aquela hora do dia
era raiar de luz
e caía

Mas que bobagem, não é?
um som assim
que não me canta mandarins!

Ah! pouco se sabe
eu via os vidros cortados
e esquecia que o vento é feitiço de mim


:: habitante de mim 8:10 PM
:: Quinta-feira, Junho 22, 2006 ::

Soa noite

me proibiram uma vida
quem disse que me importo?
eu salto e quebro teu muro
(tua cara também se não me fores estranha)
eu salto longe de tudo

Mas não
eu já me cansei
Fico cansada
e sem sono noturno

:: habitante de mim 8:48 PM...
:: Quarta-feira, Junho 14, 2006 ::

Tracei-o apagado (ou desenredando estrelas)

me tentei clara
e fiquei suja

não entendo bem
o que acontece
não me entendo bem
pouco falo
muito rijo

abro os lábios
só consigo sugar
uma seiva tua
sem letras
certa e nua

crio um idioma
minha língua fora
enconstada
(na) sua

molhada, azeda
qual gosto
em diversos
é o primeiro?

"- Soprejo
desejo."
disse o Nário
e tudo fez sentido.


pós-poema

diante tantas, diversas identidades, eu me perco em mim. Eu sou o que afinal? A romântica, a ousada, a passiva? Eu me identifico com alguma dessas apaixonantes dviersidades?
Não sei bem, o que me afetou essa manhã. Pode ter sido o cinzado céu, ou a ausência de me tocar pela pele d'outro, ou a presença de identidades, ou a vontade de calar e não calar, ou ainda uma frustração que inventei.
Ou tudo ou nada disso.


:: habitante de mim 6:54 PM
...

Samba do desapego

Podia ter trocado a roupa
ter ficado bonita
Mas você não quis
Nem sequer me convidou

Sair, olhar os vidros limpos
Dançar próximo ao chafariz

Você não quis
eu não disse nada
lhe pareceria infantil e imaturo.
Eu quem não quis.


:: habitante de mim 6:44 PM
...

Lentes de Contato

Ordinária, deusas que se vê todo dia
e já não se quer mais
Descartável
hoje é dia longo para estar.

Fiques longe de mim
talvez eu ainda te dê algum
aceno
e provar o quanto não te perturbo
(se não quiseres),
o quanto sou mudo
e finjo que não sinto.

Não vou sofrer
não me cabe
Não vou chorar
poucos sabem.

Desse mundo autista que construi
desse gozo doído que pouco ri
Eu vi
é dia longo para estar.

:: habitante de mim 6:40 PM
...
:: Segunda-feira, Junho 05, 2006 ::

Superfície

para que estancas
o suor que corre das tuas mãos?
Da escrita nascem chagas
repetitivas, ultrapassadas.
:: habitante de mim 5:44 PM
...
:: Quinta-feira, Junho 01, 2006 :: Leviano

Para que esse sol
transforme-se algo em criativo
Para quê?

Daqui a algumas horas passadas
estaremos mais mortos
(mais mortos que vivos
sonhando, sonhando)
sabe... eu não temo a minha morte
mas a morte de quem amo
a morte memorial

mate essas vidas
desprenda-se
vamos voar!
o peso de cair
é mentira

tudo que dizem ser realidade
é poesia pros teus olhos negros

é poesia
respirar meio a soluços inquietos

o amor nasce para ser destruido
o óbvio, reiventado

sombra, cor, luz
me esgoto
pra isso estamos aqui
Ser corpo
gozar o sentir



(Feliz aniversário meu caro Panda!)

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