Caminhãozinho de Madeira
Sentada ao portal do meu quarto, vejo o mundo que se encontra atrás dos dias cinzas. Pessoas se cruzam, vidas se cruzam, algumas vidas ainda pré-maturas, outras nem tão vivas assim, e dentre todas essas vidas, a que mais me encanta é a vida inocente de uma criança. Um menininho qual seu maior patrimônio é um caminhãozinho de madeira, o qual quando mais pequeno adorava que a mãe lhe puxasse, estando agachado sobre a carroceria. Por onde quer que ele ande, seu brinquedo o acompanha.
Aquele caminhão que carrega todas as suas cargas, as quais com o passar do tempo vão aumentando assim como seu tamanho. Mas agora, ele ainda consegue carregar suas cargas com facilidade. Britas, terra, areia, barro, tudo isso ainda é leve em sua vida, assim como seu sorriso e seu olhar. A vida ainda é leve para esse menino que puxa a carga da infância por uma cordinha.
É impossível não se ver feliz com essa imagem, penso como seria bom se pudesse carregar toda carga da minha vida na carroceria de um caminhãozinho de madeira. Se toda brita, terra, areia e barro fossem facilmente despejados, e com a mesma facilidade puxar o caminhão da vida com um simples cordão.
Como tornar a carga leve depois de velhos? Basta despejar fora tudo que nos incomoda, e o que mais pesa em nossas consciências. Arrependimentos, rancores, ódios, tudo isso ocupa muito espaço em vão na carroceria do nosso caminhãozinho. O amor usado como base dessa carroceria, deixa tudo que faz parte da nossa carga com extrema leveza, podendo ser puxado pela mesma cordinha usada pelo menino.
A vida ainda é leve, e certamente é isso que falta, não somente a mim, mas a maioria das vidas que se cruzam nas ruas perceberem.
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