:: Quarta-feira, Setembro 13, 2006 ::

Mandrágora

escrevia em minha pele
e não tinha rimas
eu sabia que era poesia
pois acreditava no que me dizia

Sabe, acredito na palavra dita
acredito que os olhos seus não dizem nada além do meu reflexo
e sei
que felicidade é só um conceito abstrato e publicitário.

"é terrível" - prosseguiu
"a tua pele é tão sensível a luz
e os meios não radiam
apenas anestesiam em dor
o que me acostumei a ter como impotência"

Eu disse sim
o que mais poderia ser?
E transamos como dois estranhos
e depois dormi.
São seqüências alheias, o olho do outro
nunca me é real.
Escapei de tudo
só não escapei de mim.

:: habitante de mim 5:07 PM

Bem, você sabe, o melhor é dizer tudo que pensa, e depois esquecer

Quisera eu estar louca
o que se passa é um oscilante desmanche de nódulos
que retornam a se emaranhar
(em meus dedos
que não são frágeis)

Dei socos nas paredes e em Deus
e ninguém cuspiu-me à face
como volta
Foi que então desci as escadas
e assisti raivosa a simpatia.
Ninguém viu
ninguém me insultou
apenas sorriam

O mundo se considera meu íntimo
por isso não me bate
e já nem responde minhas blasfêmias.
O que dizer para uma estrangeira
que soma os sins e nãos
tão velozmente quanto uma calculadora de favores
que foram, são e serão
importantes e determinantes
em tal (e qual?) momento crucial em uma vida limpa?

Então repito:
FODA-SE!
Tenho a boceta gasta de tanta saliva podre
e nenhuma vida limpa me orgulha.
Os lábios fervem
Eu beijo bem mais que palavras
e sonambulismo gratuito.
Sou quase-poente
Mas que venha o soco
eu não me oponho.

:: habitante de mim 5:02 PM
...

Horas Rubras
(à flor tão bela que espanca)

Depois que a noite leva seus segredos
(tão dolorosos a serem revelados)
os corações tendem a ficar leves.
E tudo que for dito, mesmo que nada
será verdadeiro.

Ah! como é bom se ver livre de tantas máscaras
e mesmo assim serenar confusa.
A pele cansou de ser outrem
além de ser pele mesma
E de longe (às vezes perto) avista-se uma Musa pequena
afirmando que aos buracos foi dado o canto
e a luz, que antes cegava
agora corrompe e se faz presente.

O resto, constante, culmina os sonhos
que chegam tarde
Despertar nem sempre é doloroso
onde vida é transa de sentir e sonho
E mesmo assim serenar confusa, e chorar.

:: habitante de mim 5:02 PM
...

A ser escrito

em sua distancia anos-luz do amor à pandora
disseste que os sábios não sabem viver

São tolos, estúpidos!
para que tantos sustentáculos?
se com tantos passares
não conheci levezas precisas
à espera do momento exato

Pouco conheço do teu coração
Mas com uma rapidez inaudível
descrevo todas (tuas) patologias
relacionadas ao ego malamado.

Então suspiro:
-durma sereno essa noite
e não espere luzes no despertar
estarei indiferente ao teu lado.

:: habitante de mim 5:01 PM
...
:: Quarta-feira, Setembro 06, 2006 ::

Batom da mãe

Todo sangue que considerava
proteger os espelhos
enforcara-se frente a meus olhos.
São quatros horas
e as meninas-dos-olhos exilaram-se
na loucura
e na solidão.

As salas vazias
a nudez da rua
o vento vertiginoso
que não passa.

As bolhas estouraram
embaixo da chuva
e meu corpo estranha
essa outra em mim, agora.

:: habitante de mim 7:49 PM
...
:: Sábado, Setembro 02, 2006 ::

Buraco Negro

aproximou-se a mim
rindo com seus falsos dentes brancos
e quando fechei os olhos
toquei os lábios frios de um fantasma


meu peito ficou gigante
negro de medo e coragem
eu lambi seus dentes
caí em segredos.

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