:: Sexta-feira, Fevereiro 23, 2007 ::

Grama

Me coma
ao menos antes
Que o resto de tudo
me faça.

foda meus poros,
o cú de onde sai merda pura,
pois no fim só restará

como ofensa da terra-
mãe-incestuosa

Sabe, comer é bem mais que gosto
cheiro
e soco.
Me coma
bem antes d'eu ser homem
devera mulher
soturna gruta

Cava fundo
essa pele que não é tua
Conta à memória
sobre o sentir naturaleza

Me coma
(alimentemo-nos desses mundos!
brindar o que resta.)
antes que a terra nos faça.

:: habitante de mim 11:37 AM
...

Ao redor

O grande homem
que não costumo ao ser
E cresce nesse mar-laguna
quão longe de meu póstumo-nascer.

E tem outra forma
de chegar lá
A qual não sei inverter o direito
no andar que nada movimenta
a não ser vento.

E s'eu parar?
O corpo novo não vai acostumar
Tantas normas
sem falar as contas
que não fazem somas às tardes de sol
Ricas em desapegos e trapaças.

Quanto à noite
não me chama a rua, sim a lua
De sombra que gira
dois a rodar
O mundo e o meu.
Toda cor não bastará.


:: habitante de mim 11:34 AM
...

Amorphe

n'aquele andar
que vai vai vai
(não tão longe morrer)
constituído de força e naúsea.

Os vizinhos plantam amorfos.
Colhemos o sono a todo instante
colhemos a falta de foco.
(facas criam pontos no gás
nada vai voltar)

As pedras me banham
já é noite
já há luz
Cozi o sangue imaturo
e o que não pretendia
rompi.

:: habitante de mim 11:29 AM
:: Segunda-feira, Fevereiro 12, 2007 ::

Acidentes para alvorecer

Não maturou.
Apodreceu!
como algo pode ser maduro
sem sabor
polpa e cor?

é difícil romper
a parte mais dolorosa do brotar
(em vida)
É preciso sangue pra lavar
essa dor bela e solitária
(negar a dor é negar o corpo)

'- O que posso fazer?
- Respirar e ver o nascer.'

Lambe as feridas
Embala a cria
Costura o estupro

já encontrei fórmulas
de voltar a rir (no escuro)

meu amor é o que posso.

:: habitante de mim 2:45 PM

Chega de Saudade

Por que um amor de portas fechadas?
(agora sinto balançar)
não há vento cá dentro
e dos sopros de novembro...
só restou torpor.

que lembranças pretendes guardar?
E da espera
soprou rancor.
O amor não chegará.
Então, eu estranha,
vou abrit os braços
e correr até ti.
Outro corpo irá flutuar
pele morta
náusea branda.

Quem sabe um dia, aviso
antes de chegar.

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