Por que foguetes
não encontram planetas?
Pedras?
Sujeira?
- Analisar o nono universo
Encontrado no meu segundo
dedo
Planeta Mofo
Quente
Úmido
Silencioso
"olá"
pára-raios descartáveis
Não habitável
(por mim)
não explicável
(ao sim)
ciência maçante
Por que dançarinas
se comportam à mesa?
Cega
Viva
Quando a janela se fechou
Usei outro espelho
Visões de dentro
do teu seio
São fedidos
- Os corredores que não vejo
Ventilado
Habitável
Perigoso
O alvo não está puro
O vestido da menina
Radia ouro
Ela está próxima
do canto
Para dançar
Por que as memórias
se preservam caducas?
Ácidas
Denúncias
Na cavidade lunar
Ficaram marcados
- todos passos elementares
Não tem cor
sorrisos falsos
(como tudo que assim o é)
Corrompido
Eloqüente
Genocida
Elongação entre mim
e os ditos buracos
O colar
Que guardaste em meu pescoço
"Esqueci de te contar"
o perdi
me foi roubado
pela goela do poço.
:: habitante de mim 6:14 PM
...
Lodo
Daquilo que te persegue
Estenda a mão
Pergunte aonde quer te levar
Nas esquinas desvias do sujo
Talvez não tentaste pular alto
Não pule
Foguetes alienígenas
Abriram as portas
para coisas
ocultas mancharem teus sapatos
:: habitante de mim 6:13 PM
...
Apologia a Dionísio-homem
Ninguém (humano) é dono da verdade
está nítido
Nietsche na mente
de mente
Nietsche-da-mente
Claro
- luz do ovo (florescente)
Do que não se deve falar:
Grite!
Nietsche
Deus não é palavra
dotada de significado
Deus é fé (e ópio)
Quem é o inimigo da fé?
Nietschida resposta
Criar vírus (e monstrinhos do armário) é conseqüência
de criar cura.
Mais uma pergunta?
Vinte e seis capítulos de insatisfação.
A luz (sombria) do argumento.
:: habitante de mim 6:13 PM
Contra Senso
Para poucos sons existem palavras
Muito emudece
por falta de ouvidos
Nessa noite
o que não é toque quebrou
A teia sente cada movimento
Voe sobre ela e pise tranqüilo
Nem todas portas abertas
são convites para entrar
:: habitante de mim 6:12 PM
...
Para-quedas
Eu estarei livre ao seu lado
Estás aqui, então não olhe para trás
(Há que distância? Nunca sei se é você ou és tu...)
Deveria ter te ensinado a voar
para ser penetrado do alto
E mudar meu sentido
para sempre te ver sorrindo
:: habitante de mim 6:10 PM
...
Atrás da Voz:: Quarta-feira, Março 16, 2005 ::
Nada de brilhantismo
afinal
o processo é contínuo
mas há momentos
que a respiração pára
Eu caminho para o meu cansaço
hoje ele é físico
e anestesia a existência
Sou pele e articulações mal definidas
Pontas de cigarros que não fumei
relaxam meu olhar
Progredir é suicídio
O seguinte enaltece o descanço
Andar e andar
ser vento quente
e suar...
É tão suave como gelo
e teu dedilhar
As aulas de violino começam mês que vêm
Não sei até onde quero te encontrar
Antes de meus dias
recordo
:: habitante de mim 6:09 PM ...
Mil pés ao fundo
Nas últimas noites
tenho dormido
E não me dispo
para o sonho.
Arregalo pálpebras
sem distinguir
as sombras cinzas.
Minha dor indigesta
já perdeu nome
e se misturou a tantas outras
de pessoas as quais
conheço seus nomes...
E quem são elas
que acenam melancolia
postadas em letra cursiva?
Eu carrego muitas dores impotentes,
já que dores não são respostas
mas sim questões.
A retina turva se banhou
em arcos que não cuspiam flechas.
Estou tentando a melhora
mas algo atrás de mim
insiste em atirar.
Dou de ombros.
Nunca me foi necessário correr léguas
para obter um profundo cansaço.
:: habitante de mim 6:43 PM
...
Post-Scriptum
(Fernando Pessoa)
Gostaria de saber
Com que sonha quem não sonha,
Que tem para se entreter
E fazer meio risonha
A vida que ha por viver...
Gostaria de sentir
Como é a alma que vive
Sem para a alma sorrir...
Eu sonhei e nada obtive.
Sonharei sem conseguir.
Mas do que fiz e que faço,
Que é nada, como o é tudo,
Guardo no meu ser o traço
Do sonho que me faz mudo,
E rio-me do cansaço...
Os grandes homens da terra,
Os que fazem, sem grammatica,
Phrases de paz e de guerra,
E sabem tudo da práctica
Salvo que a práctica erra -
Ah, esses teem presença
Multidão e biografia...
Que o Fado os tenha na crença
Que esse valer tem valia!
Casei com a diferença.
:: habitante de mim 6:30 PM ...
Quinto poema:: Sexta-feira, Março 04, 2005 ::
Preciso chorar,
as lágrimas faltam.
Tem dias que os dias
nem se quer se importam
em passar.
Estou tão soturna e doída
como nunca.
É mentira
já estive pior
mas o pior passado
não dói mais que esse que está aqui
me cansando.
As lágrimas não caem
Por que doer tanto?
É amor, dinheiro, status que falta?
Se não falta, o que sobra?
Se não há excessos e carências,
o que se mantém estanque?
Qual foi o corte dessa vez?
Eu não sei...
eu não sei.
Quanta impotência em não saber
Sócrates era hipócrita,
ele sabia seu doer.
Eu também sei,
mas não o creio.
Resta as lágrimas
ou o ópio (deus, ou haxixe).
Adormecer a dor
é não querer que ela cicatrize.
Eu quero marcas sólidas
consumadas em seu próprio início.
É mentira que as dores passam
Mar é dor
e as ondas sempre voltam
sem permanecer.
:: habitante de mim 6:13 PM
...
O Cheiro do ralo
Com acegueira
aprendi a amaciar minhas mãos
curar os calos
lavar os sonhos.
Paro por instantes
e tento ouvir os gritos.
São dores endurecidas
amaciadas pela cegueira.
Aprendi a cantar nossos hinos
de louvor à terra
de louvor ao Messias que peca
O belo sorri e chora.
Eu apenas contemplo
sem criar calos nas mãos.
O silêncio soprou
E eu não posso dizer mais nada.
:: habitante de mim 11:28 AM
...
Não há nada
Só a gente cabe
amar
sua imagem e semelhança
É pintura única
o amor cabe na moldura
do reflexo-eu.
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