:: Segunda-feira, Fevereiro 28, 2005 ::

Diálogo (entre o surdo e o mundo)

O querer dizer
morre
quando dito

a palavra respira
num pulmão tuberculoso
tosse, cospe
ganha formas
na medida que cai

O se fazer entender
já nasce falido.

:: habitante de mim 11:59 AM
...

Dia de descanso

A dor passa
compreendi todos motivos
mas articular o que dizer
ainda é tão difícil

Sei de todos porquês
de toda hipocrisia
Eu canso
de ter que chorar
ao olhar das tuas costas vazias

Calar
com todo o meu cinismo
lembrar que o tempo é movimento
Eu existo e insisto
no viver

"Aleinn Á Ný"

:: habitante de mim 11:59 AM
...

Poema que restou

Eu não reclamo
a vida se resume bosta
mas se não for isso
com o que posso adubar
o que cultivo?

É dor, mágoa, náusea
Eu não reclamo
todo suor, lágrima, muco
é verdadeiro
é resto
Onde se sustenta o estar
Tragicomédia fluente
comunicando a beleza
morta pelo temível caos.

:: habitante de mim 11:58 AM
...
:: Quinta-feira, Fevereiro 17, 2005 ::

Crepuslunar

O movimento
constante estrangeiro
abriga o vento nesse costeiro
E mesmo que a água incompreenda a seca
O corpo deseja calor por entre a lama negra

E como se
cegado pelo sol
ensurdecido pelo vento
O que vagueia entre os campos
não são massanilhas ou pampeanos
Só a alma solitária
que contempla em silêncio
o todo incalculável

Por entre as pernas
vê o dia morrer
corre a penumbra - lua nova
tão obscura quanto o não ser.

:: habitante de mim 3:07 PM
...

da Segunda Maria

Lâmpada suspensa
em céu mofo
Luzia os campos de dor
sempre serena.

:: habitante de mim 3:06 PM
...

*Moonspell

ela está sobre minha cabeça
pelas janelas não posso ver

(e pesa muito?)

não há nuvens
há sol lunar que mingua
e pesa menos que meus problemas


(*assim batizado pelo caro Vagner... poderia chamar o viver como eterno recolher de fragmentos poéticos... quem sabe assim é como quero que seja)

:: habitante de mim 3:05 PM
...

Eu me identifico com o vento... já disse isso, mas isso é muito belo, minha pele que o diga...


Na minha solidão
(Gujo Teixeira)

- De repente, as coisas mais comuns me foram ausentes.
E o sorriso que andava num retrato, desbotou...
- De repente, as saudades que habitavam minha gente
me trouxeram lentamente, ao lugar aonde estou...

Aqui na minha solidão,
sou dono do meu tempo
e ele é quem me faz pensar em mim...
Eu visito meus recuerdos e diviso as distâncias
e ainda busco meus limites mesmo assim

Não sei porque, não sei...
Porque que tua voz me faz ouvir
silêncios que não sei nem mais sentir!
Deixando tão ausente outras palavras
que o tempo foi calando na garganta
perdendo a força que ela tinha, e era tanta!
- Parecendo que não vinha mais de ti.

Faz bem pra mim...
Guardar e revirar o meu passado
olhar pra trás e ver tudo mudado
os silêncios que eu tinha e perdi.
Faz bem eu sei...
Recordar as tuas cores nos retratos
minha gente o tempo exato
das saudades que andavam por aqui.


O que dizer do meu amor por milongas, ainda mais com letras assim...

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