:: Terça-feira, Setembro 28, 2004 ::

Prece

Não dentro
mas como
breve espectadora
de sombras
silhuetas de cores
suspensas
no ar fragmentado

Como moscas decapitadas.
o que nos sobra
além do voar?

Todo sinais são brancos
Eu me guio por placas
que brilham laranja
não há colher
sem mentiras.

Os sinos badalam
para o meu despertar
Eu sonho
e queimo no meu pecar.

O tempo me abraça
Com maior sutileza
Já me entrego sem dor.

Sei que estarás melhor
quando acordares
e teu antigo
se for

As estações jazem
Não há mudanças
sem morte.

:: uma habitante de mim 3:46 PM
...

Passeio

Deixa eu colocar
poesia em teus olhos
A vida é tão cheia
de contrastes retos

Deixa eu pular
e voar para tão baixo
mas antes de cair
salto
e vou (vôo) até o céu
e abraço as nuvens
e peço colo.

Por que elas não me aceitariam?
Ao voar
O ar transcede
ou mata.

:: uma habitante de mim 3:46 PM
...

Confim de Incertezas

Existe a família
Existe a necessidade
Existe a fome e excrementos

Relacionamentos se baseiam
na necessidade.

Preciso morrer
e ser lembrada.
É preciso querer
sobre alguém que ceda.

Há amizade, amor?
Ou somente egoísmo e
Fuga da dor?

Seja falso
Seja casto
No teatro dos meus dias
degustar cinzas
é fechar olhos
à melodia.

Por enquanto
tudo segue
mentira.

Ter certeza é segurança
e nenhum dia
é igual
O permanente nascimento
solar é inconstante
O futuro não
Preserva certezas.

:: uma habitante de mim 3:45 PM ...

Pacto

Eu minto
seu sorriso
Instrumento impar
em sinfonia

Longe da ordem
Soa caos
geme harmonia

Protesto
Proposta e força
Aceite-me calado
não peças o nada
em troca

Em mim
mal cabe o tudo
o oco, nada fosco
equilíbrio cego
soberano brilho.

:: uma habitante de mim 3:45 PM
...
:: Terça-feira, Setembro 21, 2004 ::
Ao Tempo

Eu começo a mentira
com não

Talvez naquele dia
eu possa recriar
a situação

Rimo o vento
e minha harmonia
acobou num
se não

:: uma habitante de mim 3:30 PM ...
:: Terça-feira, Setembro 07, 2004 ::
Eu, ninguém

Quando tentares
ou te precipitares
justificar o silêncio

Faça longe de minha percepção
Pois o dar de ombros
corta meu sorriso
que se torna cálido
e constrangido

:: uma habitante de mim 11:22 PM
...
:: Domingo, Setembro 05, 2004 ::

Dear Diary...



:: uma habitante de mim 2:23 PM
...
Anonimato


um passado sucumbido
pelo lixo
pelo catarro
pelo desamor.

:: uma habitante de mim 2:21 PM
...
:: Quinta-feira, Setembro 02, 2004 ::
Saudação

Antes mesmo
de rejeitar meu vazio
eu compreendo
o falso ser

Sinto-me sozinho
é só isso

Correr por um caráter
Há bolhas nos pés
As tardes deixam os caminhos
com espinhos
e sangue

Não se adoece mais
não há cura
:: uma habitante de mim 10:12 PM
...
Sujeito Indeterminado

Eu
Clavícula de desaforos
Tolero a mesquinhez
A exorbitância
A mediocridade

Mas explodo em cólera
Se de tão sujo
O rubro
Rompa o contato com a beleza

Cabe aos ouvidos
Ouvir
E nem sempre compreender

Ouço teu cinismo
Indigesto
Inquieto
cinismo imaturo

O pranto não revida a nada
Eu
Fujo de tolos
que não compreendem
seu próprio ser
(assim como...)
Ao menos
Se houvesse o respeito
Ao menos
Eu pudesse ver
Todo prazer de respirar.

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