:: Sexta-feira, Março 16, 2007 ::

Otimismo

não sei do sol, não
o rosto perdeu Azulado
empobreceu branco
o chão tá claro

:: habitante de mim 5:24 PM

lesma

com todos os dedos que um dia
moldei o mundo
toquei
a dor

e o prazer


da minha coluna e vagina
escorre um muco
gozo-medula
para te dar desenhos e rastros
em chãos, buracos, caralhos
e paredes.

arrasto silêncio por onde como
úmida, no sal
encolho na insignificância negra
não posso mais chorar


toquei a dor
meu muco
Sopros não derrubam esse ar
é preciso bem mais
bem mais que socos lilases
e asco ao abandonar


Cubra os lugares em que me vês
nada vai voltar

:: habitante de mim 5:23 PM
...

Vômito Negro

Molhada
elas fazem amor comigo
eu pensei
ser doce
pois é o que ainda falta

se passou um dia
a água está podre
e colorida
Elas se perfumam desse ar
Elas se multiplicam
Eu tenho o riso do descontrole

se tudo girar bem
eu te seguro nesses dois dedos
pequena ou infinita
(não importa)
vejo tuas vísceras

:: habitante de mim 5:22 PM
...
:: Terça-feira, Março 06, 2007 ::

Depois da chuva

crianças ainda saem depois da chuva
há água transbordante
na sarjeta,
eu me jogo lá,
elas me recolhem com a curiosidade
de um novo brinquedo.

Meus cabelos arrancados
os olhos furados, depois pintados.
Quem mais vai te sentir?
os olhos cerrados
mais chuva
(esperei o sol
atrasei-me de novo)
Sentia os roxos
do meu corpo
sangrando em fisgas de pedra.

O brinquedo ficou velho.

:: habitante de mim 4:06 PM

Ruir

bastou a felicidade decidir
me levar pra bem longe
para tudo empobrecer
na intensidade

perco as crônicas do caos
e o medo resumiu-se estanque

sinto um tédio acre
dentro dessa bolha
sinto também
um disparo no coração da terra.
parar não deixa
o corpo quente.

Convém à moça do tempo
dar um tapa no globo.
As roupas puíram
de tanto quarar no tempo.

:: habitante de mim 4:05 PM

Luiza

nada que permita
tornar nossa imagem
esquecimento
soa tão doce quanto essa dor.

Quão ordinária sou
em recusar ordinariamente o amor
e todas ordinarísses que o envolvem:

ser junto
acreditar no amanhã
permanecer confiante e trágica.
Não vai acabar.
O fim é para todo sempre
e na manhã seguinte
algo esquecerá de mim.

:: habitante de mim 4:05 PM
...

Carranca

Costa grossa
estrita sinuosa
da noite sufocada
e da vista afogada

É um encantamento.
Quaisquer cantos
ou cubos sonoros
compõem memórias
desgostos.

(não espero o desespero)

:: habitante de mim 4:04 PM
:: Sexta-feira, Março 02, 2007 ::

Samanta

dois socorros para
uma perna
pedante

os nomes apagados
tudo feito
tudo meu

o tempo é todo meu

eu fingi que não via
e cuspi no chão

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