:: Sábado, Março 27, 2004 ::

Procura por Vida

Trêmulo
O vento sopra trêmulo
(geme)

uma arpa
uma escala que sobe
goza
e cai
na profundeza da insignificância

(canto do vento ou algum grunido clamando a natureza?)

Batidas e suave dedilhar
A natureza ainda grune
sussurros disperços
(ou apenas uma palavra)

a natureza não mais grune,
mas canta (dor ou êxtase?)
No fundo possuem o mesmo sentido
de vazar.

A batida desordenada
tomou compasso
ainda geme
a espera galopante
até a cheagada da queda
auge do alívio.

:: habitante desse universo 5:08 PM

... :: Domingo, Março 21, 2004 ::

A fortiori

São tantas
mantras.
Porcarias mediterrâneas.

Na vida optei a solidão
(mas para quem darei a mão?)
Um livro
e um porão.

:: habitante desse universo 6:40 PM
:: Quarta-feira, Março 10, 2004 ::

Tendinite

Como te ter entre minhas células?
Fêmur, metacarpo, rádio.
Transmissões circunferentes.
Mesocarpo sugado,
Lambido sem ossos.

Clavícula, bacia.
Guarda articulada.
Frágil esqueleto.
Gera na cria.
Galopa e sentencia.

Esboço incorreto.
Inútil evolutivo.
Lâmina córnea
arranha peles,
geme costas.

Articula seqüências
(repetir, repetir).
Cérebro
Sentenças.
Desalmado.

:: habitante desse universo 11:02 PM
...
:: Segunda-feira, Março 01, 2004 ::

A Dor

Cosmopolita de criações
(aparições)
Viver e sentir o todo
E na dor
engolida pelo nada

Apenas dói
E se apreende o alívio
É o que resta

Sangra, incha, rasga
Seco e amargo
Cosmopolita inclusive no vazio

Toda dor dói?
Aliviados masoquistas que o digam.

:: habitante desse universo 9:37 PM
...

Nas páginas

As fotos
As flores secas
não se escondem mais
dentro dos livros

Todos fragmentos tocáveis
(matérias da memória)
caíram ou escaparam
do meio dessa poesia
cotidiana

Perdi o chão?
Não
Nesse momento
sou aprendiz de outro ângulo.

:: habitante desse universo 9:36 PM
...

Parábola Positiva

Não tenho causas
para esboçar arco
em meus lábios.

Não tenho forças
Não tenho palhaços
Não tenho carnaval
Não tenho olhos de crianças

Eu me tenho
e qual a graça nisso?

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