O triunfo moral da mediocridade
é esse sentimento seguro
de estar num grande rebanho.
O amor quebrou essa espinha
Faz falta a solidão vazia e sentida.
'Queremos que um dia
não haja nada a temer.'
- grita uma ovelha negra.
Ela vai morrer, sua perna está quebrada.
(Os valores têm como espelho a situação)
A noite age
em silêncio
quase imperceptível,
quando as feridas se banham,
tão logo,
o momento é do sono
(melhor não ver sentido)
:: habitante de mim 7:58 PM
...
Ver é raiz de te me
Foram, aqueles ramos
antes do outono, verdes
Tua criança se esconde
atrás da folhagem
não posso
ver-te
A luz que reflete
contra o 'espelho de ver-me'
causa cegueira
(qual me despe)
Esse louco que habita em ti
vê-me
- Eu tento
mas tudo que vejo
cá dentro
é verme.
:: habitante de mim 7:56 PM
...
Seqüestro
há vida rompendo
o concreto limo.
É limbo
:: habitante de mim 7:54 PM
...
:: Quarta-feira, Junho 22, 2005 ::
Efeito do afeto
Não tenho sono
para o conforto do sonho.
Arregalado em insônia
sonhos estão ao lado
do meu corpo
coberto de inércia.
O sonho zomba em dança
da minha quietude.
eu me corto
perante ao Sonho
que se move
e é nada
é morte.
Meu sono combate
esse descanso calado.
:: habitante de mim 7:54 PM
:: Quinta-feira, Junho 16, 2005 ::
"Suaves são as cores da indiferença." (Rubem Fonseca)
Je ou Moi
Passivo ou ativo?
Sobre o tempo não se diz
Quando percebe-se
Já foi
Rimbaud compôs a fórmula:
conhecer o mundo
matando as leis.
(sentir durante, não após
depois está acabado,
não existe mais)
Verbo-eu
De mãos dadas com o devir.
Eu? Estanque e sozinho.
Resta como dúvida falida,
mas consciente. Sempre.
(não é tempo)
Desregrar os sentidos...
Alguém observa
toca
desaparece...
alguém se importa
enquanto respira.
:: habitante de mim 10:32 AM
...
:: Segunda-feira, Junho 13, 2005 ::
Ao lado
diga-me uma coisa
Qual diabo és tu?
Pouco me preocupo com tempo
e das rugas que se acumularam
no olhar
Explanar o óbvio
contrariar o não-dito
Falar, rosnar
Não me serve
Quero somente que acene
familiar - para saber quem é
Não tenho dormido bem essas noites
nem cartas escrevo mais
algo na pele tem se calado
O cinza já é quase branco
de tão raro
Tão pouco tenho ouvido meus vizinhos
todos choros cessaram
:: habitante de mim 6:06 PM
...
Cerca com quatro fios
Eu acordo
e sinto o peso
de estar só.
"Por que não me disse?,
assim te lembraria de ir."
Foi o que ela me disse.
Foi confortável
Ter o abraço dela
Sentir o perfume de seus cabelos oleosos
O olhar enrugado, mas nunca cansado
É tão perto de casa
que quase a sinto aqui
É tão certo
que quando acordo
ainda a respiro
O que ela me diz?
São sonhos
:: habitante de mim 4:54 PM
...
Três Dedos
Bate febril!
Espanca, a Flor é bela
germe é doce
o descompasso
é quase-morte
Ainda não
me disseste que era só pedaço
Só que o tudo me engoliu nada
Gritei, gritei
A batida é suave
lilás e laranja
Me disseste que iria tirar férias
era só folha verde
a me refrescar e proteger
Devorei a cabeça
do inseto insignificante
que agora me faz falta
O que é aquilo
que brilha ao escuro?
És tu, fantasma?
As palavras
eu as toco.
Elas sussurram
não levam porradas.
Ejaculam idéias(.)
Não, sem antes me conhecer.
Estás tão pálido
Me incomoda ver-te imóvel.
Folhas verdes se desprendem
no outono.
Por que ainda estás preso?
:: habitante de mim 4:52 PM
...
:: Quarta-feira, Junho 08, 2005 ::
Ontologicamente berkeleyana
Eu preciso dos meus amigos... por favor...
Quanto tempo é semana que vem?
O que há com as pessoas que ninguém sorri?
Que falta me fazem os banguelas... e os pierrots.
Rotten Apples
(Smashing Pumpkins)
Dirty your face with longing and grace God given
Suffer her heart and love her when your love goes unrequited
Where the cool winds blow I must surely go
For my love calls me below to drag her from the depths of my soul
When will I see her again?
The other side of friends
The darkened claws of death
The empty breath desire
Dirty your face with longing and grace God given
Suffer her heart and love her when your love goes unrequited
Restless in my speech
And rootless in my teach
So vacant in my breach
I drive the dirt of her garden
Sorrow
She'll never listen again
No other lovers to bend
Just rotten apples to eat
Just letter yellowed distant scorn
Dirty your face with longing and grace God given
Suffer her heart and love her when your love goes unrequited
Life just fades away
Purity just begs
Dust to dust, we're wired into sadness
:: habitante de mim 4:44 PM
...
Recorte
O céu multicores
virou fotografia
mil pedaços (quebrados)
da beleza da dor
e ela dor mia (minha, só minha)
pássaros não voam
por esses dias
O movimento foge do absoluto.
:: habitante de mim 5:44 PM
...
Dunas:: Segunda-feira, Junho 06, 2005 ::
the breath
the sweet sea
is true
my really bear
is here
holding me
all time
É a brisa
quente
agostina
meu tempo
convence as luzes
a perpetuarem
na escuridão
the lights
lost the answers
mouth closed
Cos dreams be
die'ng
without memories
Kill the queen
Before
that she cuts your head.
:: habitante de mim 5:43 PM
...
Memória da MelancoliaEm busca de um começo
Eu fico pensando
na minha solidão
pensando no que escreveste
no rosto de Sofia
São tantas feridas
que se negam a fechar.
Não sei bem se perdi
pois nunca sei o que procuro.
Queria sentir a dor de todos
que amo e que sofrem
mas de nada serve meu sofrer
as feridas não fecham
Como é ser feliz ao lado de alguém?
Isso é tão fugaz
já não me lembro.
Eu já tentei fechar os olhos
dizer a mim mesma
que tudo era um sonho.
Busquei não ouvir
o que meu corpo dizia,
Não abri as cartas,
Deixei o sol mudar o sentido das coisas
para eu me sentir melhor.
E hoje nublou
(está ficando frio)
Sou eu a minha vida,
não é?
:: habitante de mim 4:54 PM
...
(releitura do texto de José Luiz)
a faca cai
e a lâmina é parte voraz
de conseqüência fúnebre
a faca vai
atrás de um fim
No fim há outro começo
(ironia paradoxalmente vital)
Na procura do que se perdeu
encontra-se o fim
chegando ao começo
novamente
O peito era missuração densa
de Decepção amarga, e desilusão doída
Angústia patológica
sinalizava o pior sintoma: - o desespero
E pensando nisso
caminho árduo.
Penso nos olhos perdidos
em meio ao reflexo da faca
Não vejo, mas penso
o fato vira ato
E sei o que é perder o brilho
dos seus próprios olhos
As janelas da alma cerraram-se
A alma teve face a face
o frio da morte que a convidou para partir.
O sangue sai
A vida escorre
Mais e mais... agonia
E não se quer mais
partir não hoje, não agora
não assim
Um grito ecoa
grito inesquecível daquele
que nasce novamente
Cínico, triste e depressivo sorriso
de outrora
Agora nota o sentido de ser
Busca-se a morte
encontra-se a vida - regada de força.
Força que impressiona
essa alma perdida em um mundo perdido
Mas o cego vê, e encontra respostas.
Irei renascer, como minha querida
Redescobrir a força,
Consolar-me com a segunda chance
Através da faca...
que era espelho.
Reflete-se o sol
compreende seu ver.
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