:: Quinta-feira, Janeiro 23, 2003 ::

Dia de Estar a sós com a Solidão

Pensamentos se cruzam
involuntariamente em meu cérebro.
O caos segue
E é como se nada seguisse
E eu continuo a temer meu mundo.

Fito o medo com paixão
Sou seduzida pela insanidade.
O monstro do armário bate na porta
- Ele quer sair -
Vou liberta-lo
quem sabe assim não acabo
por me libertar também.

As portas que me trancam
Eu mesma chaviei.
As lembranças que mais prezo
Eu mesma inventei.

Resolvi fazer companhia a solidão
Já que ninguém a quer
Eu a aceito como mais nobre amiga.
(a qual tanto me ensina)
Ensina-me coisas
as quais ninguém consegue - coisas sobre mim.

No começo ela parece ser
um pouco introvertida
mas de repente
ela toma conta de ti.
Te preenche com um vazio
que nos transforma em poetas.

Começas a cantar a saudade
E gozar de diversos mundos imaginários.
E futuramente tu acabas
por decidir em compartilhar
esse majestoso convívio com a solidão,
então surgem os poemas e os livros.

Agora a Solidão não é
Somente tua,
mas de todos que lerem
(e sentirem) tua poesia.

Às vezes essa dor
Me conforta
Pois consigo transpira-la
em versos,
através dessa tinta escura como meu olhar,
escura como as nuvens que me cobrem
e me aquecem no colo macio da tristeza.

Eliane Rubim
:: SATURNINE OBSCURED 11:39 AM [+] ::
...
Metade do teu corpo

Longe do que se está perto
Contraditório como o amor
Virtudes negadas a um flagelo
Um dia te orgulharás com louvor

O sol ainda queima tua pele
E te deixa quase da cor da tua terra
Terra pura e limpa... forte como o tempo
Brotada de flores, horizontes à serra.

Não sei se herdei essa força
Meu sangue é sujo, misturado
Como o céu em fim de tarde
Em que a noite chega, deixando-me agoniado.

Apenas me dê um abraço.
E não me olhes como um bastardo qualquer.
Sim, eu sou fruto do teu gozo.
Por mais que negue, um dia amou a mulher
A qual me mostrou a luz, ensinou-me a amar
E a tolerar os cuspis que eu tiver que limpar.

Mas teu cuspe ainda escorre pelo meu rosto
E misturou-se com o choro
Não quero que me perdoes
Simplesmente seja feliz, pois por ti oro.
Enquanto continuo a andar calmamente
Acompanhada pela esperança e fantasmas que apontam amores.

Eliane Rubim

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